Apesar dos transtornos nos primeiros dias de restrição aos ônibus fretados, a Prefeitura de São Paulo voltou a negar que a medida não tenha tido um planejamento adequado. Mas técnicos da CET, da SPTrans (empresa municipal que cuida do transporte coletivo) e da própria Secretaria de Transportes admitiam que uma das principais falhas foi a falta de um mapeamento para identificar para onde iriam os fretados que foram vetados na região central e seus horários de concentração, informa reportagem da Folha.
Como cada fretado podia escolher entre os 14 pontos definidos pela prefeitura, a gestão Kassab imaginava que os ônibus vetados se dividiriam entre diversos bolsões --mas houve acúmulo grande em estações como Sumaré e Imigrantes do metrô, provocando superlotação e trânsito no entorno.
A prefeitura previa, por exemplo, que os ônibus que vinham da zona leste iriam desembarcar na estação Brás do metrô (linha vermelha), mas muito motoristas optaram pelas estações da linha verde, para evitar a baldeação, já que a maioria dos passageiros costuma desembarcar na Paulista. A prefeitura também acreditava que os veículos chegariam no metrô entre as 5h e as 9h --a concentração foi das 7h às 8h.
A Folha apurou que a falta de planejamento foi até motivo de discussão entre integrantes da cúpula do transporte de Kassab e os tradicionais aliados do governo José Serra (PSDB). Técnicos defendiam adiar a restrição, mas a ideia foi descartada devido à avaliação de que era melhor adotá-la nas férias, quando há menos trânsito.
Outra mudança
Após dois dias de protestos dos passageiros dos fretados, a Secretaria Municipal dos Transportes de São Paulo recuou e anunciou novas mudanças nas regras para a circulação desse tipo de veículo na cidade. A principal delas é a liberação do tráfego deste tipo de veículo na avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, na zona sul.
Nesta via --considerada um dos principais corredores de ônibus fretados-- haverá oito pontos de embarque e desembarque de passageiros: sendo três em cada lado da avenida, e um em cada lado da avenida Doutor Chucri Zaidan. A medida começa a valer a partir das 17h desta quarta-feira (29).
De acordo com o secretário Alexandre de Moraes (Transportes), a mudança ocorreu devido à ausência de metrô na região, o que causou transtornos aos usuários dos ônibus fretados.
Outra alteração é a criação de mais um ponto na avenida dos Bandeirantes, desta vez, no sentido rodovia dos Imigrantes. Esta é a segunda mudança em relação à circulação na via. Inicialmente, havia apenas um ponto de acesso na via, na rua Alvorada. Após os protestos, no entanto, o local de embarque e desembarque foi transferido hoje para a avenida dos Bandeirantes, no sentido marginal Pinheiros.
Em entrevista concedida nesta terça-feira, o secretário admitiu que as regras de restrições aos fretados poderão sofrer novas alterações no futuro, conforme negociação com as empresas do setor e usuários do transporte.
Assim como o prefeito Gilberto Kassab (DEM), o secretário criticou os protestos, que vinculou aos "interesses econômicos de empresas de fretados". Apesar das manifestações, Moraes avaliou positivamente os resultados na medida que, seguindo dados da secretaria, já provocaram a diminuição nos índices de lentidão na cidade.
Os protestos de usuários de ônibus fretados são frequentes desde que a medida entrou em vigor, na segunda-feira (27). A medida proíbe que esse tipo de veiculo trafegue em uma área de 70 km2 no centro expandido de São Paulo, das 5h às 21h. Segundo a prefeitura, o objetivo da medida é reduzir em 11% a lentidão do trânsito e aumentar a velocidade dos ônibus urbanos.
Fonte: Folha online